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Textos

O meu futuro é

repetição e erosão;

É arrependimento, hesitação,

cansaço, e rendição.

 

É a inércia,

as responsabilidades que não pedi.

As contas acumuladas,

a vontade de ir dormir.

 

É a faculdade,

que esculpe a janela

para o terço do dia perdido,

e a dormência

que me faz chegar a casa,

sem ter dado por isso.

 

São jantares de aniversário

cada vez mais vazios.

É ter mais conhecidos,

e menos amigos.

 

É a saudade da intimidade,

de sair pela manhã

da casa de quem amo,

e voltar para a minha a sorrir.

É o vinho tinto,

e o conforto frio da meretriz.

 

São as fotos que não tirei,

porque acabam apagadas.

São as cartas que não enviei,

porque acabam queimadas.

 

É a eterna dor de crescimento,

a agonia de acordar e viver.

Em breve serei adulto,

e a antecipação está a doer.

Vejo um futuro cheio de preocupações

onde tento ser algo, mas não consigo.

Pensei que sei o que quero ser

porém não sei o que vai acontecer.

 

Desejava um futuro cliché,

no qual a imaginação prevalece,

sem ansiedade ou receio,

apenas com vontade e execução.

 

Não posso dar nada como garantido,

visto que nada garantido está.

Simplesmente tenho vivido.

O futuro,

Um simples conceito.

Por muitos considerado fascinante

Por outros aterrorizante

 

O que será o futuro,

Para quem o tenta evitar?

 

Cada ato, cada escolha, cada momento

Formam algo incomensurável!

Talvez seja culpa do tempo…

Uma vez que é imparável.

 

Assim, como a Natureza

Porque ela não vai parar

Parar de tentar;

Parar de lutar;

Parar de sobreviver;

Ela não se vai render!!

 

Num mundo onde as cidades vão sucumbir,

E debaixo de água, elas vão viver

Lares para os milhares de peixes

Que não consigo nomear nem descrever

 

O dinheiro… Encharcado ficaria.

Pois milhões de pessoas teriam de morrer

Afinal,

Nem toda a gente um barco conseguiria ter.

 

Um barco sem porto,

Um barco sem cor,

Flutua apenas

Num mar de dor

 

Barcos,

Os cemitérios ambulantes

Cemitérios de sonhos, de ideias, de sentimentos frustrantes!

 

Valores, não vai haver lugar para isso

Quem quiser sobreviver

Fará tudo o que for preciso.

 

Este um futuro distante,

Um futuro imaginável e preocupante

Pode estar longe, mas pode acontecer

Qualquer um o futuro pode prever.

 

Afinal,

Errada ou certa é uma previsão

Uma ideia de um futuro para a civilização

 

Prevamos, se o quisermos fazer

Mas façamos de tudo para a nossa previsão não acontecer

Isto, se ela implicar a nossa perdição

Pois a melhor previsão

É aquela que planeia a nossa salvação.

Minha loucura, calma.

Enluva a graça do teu pulso.

Esse som distante a cortar tuas batidas,

Ele mesmo que concorre os festivais,

Não chegará aos pés da tua taquicardia…

Esse cheiro inebriante do desconhecido

Te lembra tanto em tão pouco tempo .

Um cair de folha, uma ventania,

Num grunhido tímido de um suspirar.

Quase poderia passar despercebido,

Como passa quando você não quer notar.

Chega…

Espumando seus olhos, lavando. Levando as nascentes,

Nascem-se os Binóculos,

E com eles a Possibilidade

De se enxergar.

O futuro.

Na incerteza que é o presente

pego nos meus binóculos

e busco algo que represente

que me conte, que me esclareça

os obstáculos

que o futuro nos ofereça.

 

Através do olho esquerdo,

avanço, paz, igualdade.

Uma realidade,

Proporcionada pela atividade

daqueles que não desistiram

de um mundo melhor.

 

Já no olho direito

o ódio e o dinheiro

tornaram-se a doutrina.

Paira no ar o horrendo cheiro

de um planete outrora grandioso, agora desfeito.

 

E agora só nos resta saber

que vista a humanidade vai escolher tapar.

Nesta sala vazia, estou solitário,

Há uma escuridão que a enche

Mas que o radiante e pálido luar torna clara

E a minha álgida alma aquece.

 

Pela moldura da janela

A penumbra instaurada e perpétua

Tudo envolve; tudo seu torna.

O mundo é frio lá fora,

É de noite - fazem-me companhia as estrelas.

 

No parapeito, vejo binóculos;

Binóculos que nunca antes vi,

Binóculos que estranhei,

Ao seu lado um pequeno papel diz

Olha para a janela,

Vê o futuro através de mim.

O tempo que assisti passar, escapou.

Faltam horas, minutos, lembranças.

Fado roubou-me a vida,

e o Futuro ameaça:

“há de chegar”

“de ser”

“acontecer”.

Em minha inconsciência reconheço:

não há.

Sou cega, e se algum dia enxerguei

Tinha binóculos.

Tudo é distante,

Se porvir, ventura, sorte

O Amanhã me revelar

que existo

Como nunca existi

Atônita, serei num abraço:

a Realidade.

Neste meu lugar seguro,

Sozinha no meu quarto,

Inconscientemente consciente

Reflito sobre as três cores que vejo:

Verde, branco e lilás que me marcam o interior

Quando lá fora saio.

 

Verde da relva e toda a natureza;

Que me simboliza a liberdade,

Que me simboliza a esperança.

 

O branco das nuvens da fria manhã,

Quando passeio o meu cão

E as ruas estão vazias, sou só eu e mais ninguém;

Branco que me trás paz e que me acalma.

 

E o lilás, o lilás que simboliza o respeito;

Lilás das bonitas e imponentes flores que cheiro.

 

Neste meu lugar seguro;

De frente para a tela que pinto;

Onde decido o que quero para o meu futuro,

Pego nessas três cores e componho

O meu desejo mais profundo.

Não existe verdade.

Tudo o que soube ou achei que sabia,

Sabendo a susto,

Um sabor desconhecido;

Tudo o que outrora viveu dito

Encontrou-se singular-

Se transformou.

Não sendo Verdade, é o Tempo.

Não deixou de ser simplesmente pelo raio da mudança;

Não é tão mutável ao ponto de perder essência;

É tão infinito e constante que não depende de ninguém.

O corpo parte

O Tempo não acaba

O exterior é tudo para além de mim-

Externo a mim e contínuo,

O mundo: inteiramente seu e de mais ninguém.

O meu coração é algo

que não vejo porque

está no meu interior,

mas consigo ouvi-lo, senti-lo.

 

Já o livro é algo exterior,

é algo que pode ser

um instrumento do futuro.

 

Este coração é muito mais

do que um órgão, ele

também tem sentimentos

e pode ser um livro cheio de sabedoria.

 

Ele é o meu futuro,

se um dia ele parar,

eu paro com ele

e este livro fechar-se-á.

 

Por isso o meu futuro

está nas mãos,

deste meu coração

que só posso ouvi-lo, senti-lo

e transmitir isso para o livro

que servirá de instrumento

para o futuro.

 

Quando estiveres perdido

em relação ao futuro,

não tenhas medo, não hesites

e lê este livro.

Nunca ninguém nos ouve;

Nunca nada vai mudar,

Ou então não.

Não há pressa,

Temos tempo para tudo,

Ou então não.

Amanhã não vai haver nada,

Ou então não.

Podíamos gritar,

Pode ser que nos ouvissem.

Só temos mais um minuto,

Ou então não...

Hoje há demasiado silencio 

Ou então não

Desperdicei o tempo 

Ou então não 

Não haverá futuro 

Ou então não 

Sendo amanhã um dia velho 

Ou então não 

Tenho mais certezas do que dúvidas 

Ou então não

Que nunca nada vai mudar 

Ou então não 

Pois hoje estamos silenciados.

Ou então não. 

Vou ficar.

Hoje estamos silenciados

Ou então não 

Nunca seremos os mesmos

Ou então não

Temos de agir

Ou então não

Podemos sempre culpar o capitalismo 

Ou então não

Temos a obrigação de mudar o mundo

Ou então não

Podia ser que nos ouvissem 

Ou então não

Estarei bem perto

Ou então não

Cantando contigo

Ou então não

As saudades que tenho

Vejo um futuro cheio de preocupações

onde tento ser algo, mas não consigo.

Pensei que sei o que quero ser

porém não sei o que vai acontecer.

 

Desejava um futuro cliché,

no qual a imaginação prevalece,

sem ansiedade ou receio,

apenas com vontade e execução.

 

Não posso dar nada como garantido,

visto que nada garantido está.

Simplesmente tenho vivido.

Num presente cada vez mais distópico

as expectativas ,preguiçosas, de um melhor futuro

surgem como um urgente tópico,

porém, todos permanecem em cima do muro.

 

O que vai acontecer ao certo?

Sem resposta.

Mas uma certeza existe.

Que o futuro só resiste

pela pressão posta

nas nossas costas, espertos…

 

Porque andam, propositadamente, a avariar o mundo,

e nos dizem que é nossa obrigação consertar?

Ou melhor,

porque colocam em nós o peso de um mundo

que vocês próprios não conseguem suportar?

 

Assim, o que espero do futuro,

somos nós, jovens passados,

já corcundas pelo torturo

que foi, e ainda é, carregar os vossos legados.

Plástico e petróleo e poeira e poluição

Os ricos ficam mais ricos e a ex classe média sem um tostão

Os danos são irreversíveis, agora não há volta a trás

Milhares de espécies já extintas, e a humanidade não será uma exceção

 

As pestes, a miséria e as catástrofes naturais tornam-se mais frequentes

Os cientistas avisaram-nos por anos e anos

arrancando os cabelos em pânico

Implorando por ajuda a governos descrentes

Que pensavam no quão benéfico seria o turismo naqueles verões mais quentes

 

O mundo pouco a pouco toma um cenário pós apocalíptico

As estrelas, os grandes políticos e os bem sucedidos já têm o seu bilhete de ida e não volta para marte

O resto da gente e do povo são deixados sozinhos

Em esforços vãos de sobrevivência até o inevitável fim chegar

 

No entanto, talvez haja alguma esperança

A tecnologia é um perigo, mas pode trazer mudança

A conexão rápida e universal junta milhares de pequenas vozes num todo

Gerações com bom senso que reclamam do injusto e lutam por um mundo novo

Se eu acredito no futuro, é porque acredito na juventude

Na coragem, na força, na justiça e na revolução

Na tentativa de mudar uma sociedade que por muito tempo rejeitou aceitação

Os valores vão sendo re-avaliados

Os direitos implementados

Faz-se reforma de sistemas cobertos de corrupção

 

É essa a esperança que coloco na futura geração.

Como por magia negra ou científica experiência,
Projeto-me em cidade europeia distante.
Reator de ’86: outrora por grande fogo a arrasaste!
E com mortais partículas contaminaste…
Hoje, em idade porvindoura,
Está igual a muitas outras –
Gigantesca, segura e moderníssima metrópole;
E em tal imaginário futurista e sonhador
Estou eu no centro dela!
Olho para tudo e para todos;
Assimilo tudo o que me atrai o olhar;
Delicio-me com a novidade
E esqueço tudo o que antes conhecia;
Gozo desta nova realidade
Que embora longe de utopia
É entusiasmante e me arrepia…

Cidade do meu amanhã...
Com os teus mastros de ferro e vidro,
Pertubadores de uma vertigem absurda!
Arranham os céus, adentram-se pelas nuvens,
Erguem-se como organismo autónomo
Que tanto oferecem e me enfeitiçaram…
Oh, poder atirar-me do terraço de cada um!
Poder sentir a gravidade esborrachar-me!
O ar sufocar e poder contar
Quantos andares, metros e quilómetros
Cada um de vós detém!

Vejo luz por toda a parte;
Ecrãs… Ecrãs! Ecrãs aqui, ali e acolá!
Que preenchem prédios inteiros;
Que flutuam no ar...
Espécies de projeções astrais nunca por mim antes vistas...
Tecnologia moderna que vos domina e consola Humanidade!
E ainda outros obscuros sistemas robóticos
Que predizem o nosso Fado,
Que rio e seu curso devemos tomar...
Que posso eu fazer? Como posso eu viver?
Sem muito esforço nem grande ambição
Para que o mais feliz possa ser…

Ó fantasia fenomenal!
Paisagens impossíveis e sem fim,
Viagens fantásticas e inimagináveis –
Agora tudo ao nosso alcance como um simples estalar de dedos!
Conseguir ver infinitas estrelas e mundos divergentes!
E poder ver uma supernova em primeira mão!
Ou um buraco negro penetrar,
Ou até querer morrer e no Sol pousar!

Dou por mim em beco escuro e sem saída.
Por entre sombras e fumos estranhos
Figura singular move-se e delas sai -
Encapuçada e misteriosamente aterrorizante
Puxa-me pela garganta
E sinto a Faca...
Oh, Faca que toda a esperança, fantasia e sonho corta;
Faca que dá término a tudo e todos;
Faca que tudo desintegra, tudo mata e apodrece,
Que me aterroriza mais que tudo,
Que mostra a Verdade e nunca mente...

Vejo grandes conflitos, grandes matanças!
Genocídio! Tamanha é a escala!
Fogos enormes, completa é a destruição!
Grandes nuvens de fumo que engolem nações inteiras...
E vejo Ganância, Luxúria, Ira e Gula
No topo de uma colina, dançando,
Vendo o mundo arder, cair no desespero -
Tudo enlouquecer...
Havia o Juízo Final finalmente chegado,
Dito Messias retornado, e todas as almas aniquilado
Pois até ele havia sido possuído.

Piiii atrofiante

Com os meus binóculos do futuro,

Não vejo grande coisa,

Não sei se a falha é dos binóculos

Ou do que me enfrenta.

 

Com estes binóculos do futuro

vejo uma paisagem com nevoeiro,

algo bastante indefinido, confuso e escuro.

Mente em branco,

quarto vazio…

Retrocesso ou avanço?

Nem quente nem frio…

 

Anos já se passaram,

e as linhas esbatidas desta grande máquina

começam a ganhar contornos.

Nesta sociedade sistemática

aqueles que seguem as regras estagnaram.

 

E do outro lado da janela, 

já não vejo pessoas,

vejo piões, de um grande quebra-cabeças,

que participo inconscientemente.

Vivo na ilusão de que tenho todas as peças,

mas convenientemente, 

 o jogo está estragado.

 

Por isso vou-me apercebendo

de um conflito interno,

entre o que sou, e o que querem que eu seja.

 

Tenho em mim a esperança 

de que comigo tudo será diferente.

Mas também presente,

uma certeza, de que esta segurança,

nunca deixará de ser um sonho,

uma miragem…

 

E depois de muito averiguar, 

restam-me apenas duas opções:

cassear o meu eu, e o jogo contrariar;

ou observar e seguir-me pelas pré-definições.

De momento eu campestre me encanta a noite.

Todo um extenso horizonte cabalístico;

Inalcançável toda uma penumbra amena,

Toda uma calma sussurrante de verão,

Toda uma solidão que não me aflige

Nem consola um interior como faz um Beirão.

 

De momento eu campestre

Estou algures entre uns tais dois universos,

No ponto final de uma Veríssima Divina Proporção,

Rodeado de tudo, e de nada,

Assim, ao mesmo tempo.

De olhar penetrante tento compreender o Mundo

E todo um Seu mistério decifrar -

Todo o Seu Passado, Presente e o Seu Futuro

(Esse receio)

Pois d'Ele nada sei do que esperar.

 

E desejo observar toda uma Sua plenitude,

Ser sua companhia e querer um tal daqueles sentimentos infinitos.

Vivenciar uma eterna novidade.

Poder ver e ter tempo para uns mil anoiteceres

E mais uns mil amanheceres acompanhar.

Não quero. Não quero que acabe.

Vira esse pó, não o quero cá;

Só é Ele capaz de me dar o que mais anseio,

Só é Ele capaz da Verdade me revelar.

 

Vem, interior de um(a) eterna paz;

Uma comunhão com todas as suas sensações,

Todos os sabores e cores de uma vida plena -

Dá-me esse delírio, essa graça de uma existência.

Apeguei-me a ti e não te desejo largar.

Interiormente efémero pois nada mais sou

Faz de mim teu, Ó Imortal.

Aqui no meu interior

Existe algo bastante grande para

Todo o exterior,

 

Ao que me refiro

Eu não sei

Talvez algo tão gigante

Que eu ainda não me perguntei

Será que eu consigo o ver

Isso, eu não sei

 

Mas sim sei

Que consigo senti-lo

Como existe algo tão pesado?

E eu não consigo medi-lo

 

Mas com o tempo

Este peso, vai se drenando

Ou talvez, maior se vai tornando

 

Esta é a minha dúvida

Será que este peso vem dela?

Será que a vida sem isto

Seria uma vida bela?


Será que alguém vive a vida

Dizem que a vida é dos loucos

Mas por tanto nisto pensar

Vou me entregando aos poucos

 

Vou me perdendo então

Nestes grandes pensamentos

Até me esqueço então

Daquele tão grande sentimento

 

Será que se tornou pequeno

Ou eu pensei demais

Este grande sentimento

Não sei para onde vais.

 

Será que é minha culpa?

Será que sou eu que este sentimento

Tenho prendido

Ou tenho medo de ter a culpa

De o ter perdido?

 

A culpa de expulsa-lo

Deixa-lo para o exterior

E o mundo não conseguir carrega-lo

E cada vez se tornar maior.

Nesse futuro serei pó, e mais nada.

Nascemos e morremos sem deixar rasto

Ou então não…

O futuro apaga-nos e ninguém se lembra

E eu, serei o que serei.

Ou então não…

Amanhã ainda é presente e depois também

O futuro apenas começará depois de eu morrer

Ou então não…

Não sei o futuro

Mas sei que ele não me pertence

Ou então não…

Se calhar vamos recomeçar

para entrarmos todos em sintonia.

Vamos ficar

e levar-nos uns aos outros.

 

Ou então não…

 

Se calhar não há certeza de nada,

amanhã não haverá nada,

nunca tivemos tempo

e nunca nada vai mudar.

 

Ou então não…

 

Se calhar hoje estamos silenciados,

ou só decidimos não agir?

Se calhar devíamos pensar menos

porque, se calhar, só se calhar

são eles que decidem…

 

…ou então não…

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